E também não produz conteúdo.
O mercado editorial de hoje exige isso de um escritor. É aquele círculo vicioso de ‘para ser publicado, precisa compensar financeiramente’, que faz a escrita, o trabalho direto com a palavra na obra a ser escrita, ser a parte menos ensinada-recompensada-procurada hoje.
Não sou influencer.
Não sou tiktoker, booktuber ou vloger. Nem blog mais tenho, só um pedaço demarcado na internet com meu nome para colocar as coisas que faço. E só tenho por uma mistura de senso de nostalgia e gosto. Cada vez limito mais meu uso de redes sociais – não por bandeira, ideologia ou movimento. Só cansaço mesmo. Lógicas diferentes, públicos diferenciados, os malditos algoritmos (primos ainda mais malvados dos logaritmos?). Aqui o alcance maior é com vídeo, naquela tem que colocar o jogo-da-velha, na outra só se usa negrito se estiver gritando.
Eu escrevo. Por muito tempo, agonizei pensando que escrevia pouco, que era pra produzir mais e mais, livros e livros. Repensei. Pensei meus privilégios. Tenho um emprego que me mantém, consigo frilas que complementam essa renda. Tudo girando ao redor de coisas que eu gosto ou amor.
Posso me dar ao luxo de escrever o que quero, o que me desperta interesse. Posso me dar ao luxo de não escrever. Melhor ainda, posso me dar ao luxo de não ter que me esforçar 24 horas por dia, 7 dias da semana, para que as pessoas me achem interessante ao ponto de pagar por um livro meu. É desumano o que se pede hoje de qualquer pessoa aspirante ao fazer artístico. Se ela sabe desenhar, se exige que seja articulada, bonita, fotogênica, divertida, interessante… desenhar BEM é um bônus. Isso vale para qualquer arte.
Obrigada, mas não, obrigada.
Eu não trabalho com redes sociais. Nem em redes sociais. O máximo de trabalho que faço em redes é levar um livro do doutorado para a rede da varanda.
Trabalho com palavras, histórias e sentimentos.
Socializo com pessoas – e as tais redes servem pra isso.
Grata pela atenção. Comprem meu livro. Ou não.
Post sem foto para não chamar a atenção.
#beatifullife #felizdiadoescritor
Muito bom texto. Isso aí escreva o que tiver vontade de escrever e quando quiser, sem compromisso.